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Como é a relação com seus parentes? Legal, neutra ou catastrófica? A sua família pode ter inúmeras influencias em você, não irei falar sobre todas porquê são muitas, mas irei citar algumas das mais importantes.
Cada um dos seus parentes pode ter múltiplas influencias nas suas preferencias, nos seus valores morais e na sua personalidade. Porém, irei focar apenas nas influencias que pais tem em seus filhos, seja eles biológicos ou não. É verdade que qualquer pessoa que faça parte na sua família pode ter impacto positivos ou negativos em você a depender de como te tratam, mas os pais são os parentes cujas influencias tendem a ser as mais importantes de todas.
Uma transmissão intergeracional se refere a qualquer comportamento ou características observadas tanto em um filho quanto em pelos menos em um dos seus pais. Ao perceber que uma transmissão ocorreu, só sabemos da sua existência, mas não como ela ocorreu. A transmissão de uma característica pode se dar de várias formas como já se sabe que em várias famílias, ocorre a transmissão intergeracional de coisas como níveis socioeconômicos e práticas parentais, o foco de muitas pesquisas é entender de como isso ocorre pratica.
A sua saúde mental pode ser muito impactada pela sua família, a herança genética exerce uma influência no desenvolvimento da maioria dos transtornos mentais. Embora que alguns estejam mais fortemente ligados a esse fator do que outros. A influência dos pais, vai além dos genes, já que ela começa alguns meses antes de você nascer.
Quando mulheres com depressão engravidam, seus fetos tem uma chance maior de exibir anormalidades que aumentam as chances de seu filho desenvolver sintomas depressivos na fase adulta. Filhos de mães com depressão, tendem a desenvolver o humor mais negativo, maiores dificuldades em regular as emoções, tem maiores chances de desenvolver a depressão e tendem a alcançar níveis menores de escolaridades.
Diferentes fatores podem piorar essa possível influência de depressão na mãe, tal como uma renda menor da família ou um quadro mais severo de depressão da mãe, enquanto a existência de um segundo cuidador pode amenizar esse impacto. Pessoas que passam por maus tratos infantis ou por um abuso sexual, tem maiores chances de desenvolver a depressão, transtorno de ansiedade, TDAH, transtorno alimentares e realizarem tentativa de suicídios.
Os autores mais comuns de abuso sexuais e de maus tratos infantis são parentes, tais como pais, padrastos ou avôs da criança. Então a origem de um transtorno mental pode estar diretamente ligada a interações problemáticas com um ou mais membros da família. Mães que sofreram traumas são mais propensas a tratarem o próprio filho de forma agressiva e fria, o que aumenta as chances de a criança passar por experiencia traumáticas.
O trauma também pode ser transmitido através da qualidade de relacionamento dos pais, sendo que relacionamentos problemáticos podem gerar uma constante fonte de estresse que aumentara a chance de os filhos terem dificuldades ligados a saúde mental no futuro. Famílias também costumam ser a fonte de muitas influências positivas. Pais que se relacionam de forma carinhosa, consistentes e claras com os seus filhos podem incentiva-los a desenvolver um estilo de apego seguro, o que tornara seus futuros relacionamentos mais satisfatório. Filho de pais com níveis socioeconômicos e educacionais mais elevados também tendem a exibir essas características em níveis mais elevados.
Esses pais terão mais condições de garantir o acesso dos filhos a educação formal e a oportunidade de profissionais. Uma das maneiras pelo as quais podem ocorrer a transmissão intergeracional do nível socioeconômico e até do nível socioeducacional é através da transmissão de habilidade cognitivas. Ou seja: por detrás de uma transmissão intergeracional pode haver outra.
Se em média, pais mais espertos criam filhos mais espertos isso poderia ajuda-los tanto a tirar notas melhores na escola, quanto a ter um desempenho melhor no trabalho futuramente. Uma habilidade cognitiva que pode trazer grandes impactos na vida de alguém, por exemplo, é o auto controle. Ele é a capacidade de regular de forma flexível os próprios comportamentos, pensamentos e emoções.
Quem tem menores níveis de autocontrole, possui um maior risco de vivenciar problemas como abusos de substancias, desenvolver diabetes, envolver-se em acidentes, ter uma renda menor e um nível educacional menor. Quanto menor o autocontrole dos pais, menor tende a ser dos filhos também e isso pode ocorrer por diferentes motivos.
Por exemplo, esses pais tendem a vivenciar mais conflitos maritais e reagir de forma mais negativa as condutas problemáticas dos filhos. Algumas pesquisas já demostraram que tanto práticas de parentais mais severas quanto a presença de conflito marital no ambiente familiar reduzem a capacidade da criança de autocontrole. O que poderá trazer várias repercussões negativas para a vida dela no futuro.
A sua propensão a cometer crimes poder ser muito influenciadas pela sua família. De acordo com uma meta-analise, quando pais exibem esse tipo de comportamento, os seus filhos possuem um risco muito maior de também os exibir no futuro em comparação com a famílias nos quais os pais não cometeram o crime. uma possibilidade para explicar esse padrão é que as condutas criminosas dos pais podem servir como modelos para seu filho.
Ao observar os próprios pais agindo assim, os filhos aprenderiam que é mais aceitável, se comportar dessa forma. Talvez a conduta dos pais não seja o maior problema, mais sim a presença de diversos fatores de risco no ambiente onde a família vive. Isso inclui morar numa vizinhança pouco segura, fazer parte de uma família disfuncional ou o fato de os pais estarem desempregados por exemplo.
O próprio sistema de justiça pode ter um papel também. Uma evidencia a favor disso é que, se um pai já sofreu uma condenação, as chances de que seu filho sofra algum processo criminal são bem maiores do que de um filho de alguém que nunca foi condenado. Isso pode ocorrer porque talvez oficiais da justiça, prestem mais atenção em pessoas que possuem um histórico familiar de crimes, e acabem desfavorecendo-as com base nisso.
Na pratica, todos esses fatores podem interagir de formas particulares para estimular a propensão criminal de alguém. Os simples fatos de um dos pais cometer um crime, a depender da gravidade do crime leva-lo a ser preso pode piorar as condições financeiras, os relacionamentos e a saúde tanto físicos quanto mental dos membros da família. Sob níveis mais elevados de estresse, dificuldade financeiras ou abuso de substancias, os pais podem ter maiores dificuldades de monitorar os filhos, de oferecer carinho e atenção, além de possivelmente trata-lo de forma mais agressiva. Tudo isso aumenta as chances de os filhos exibirem comportamentos antissociais que poderão evoluir para crimes no futuro. Mas não é porque uma pessoa passou por essas coisas que ela cometera qualquer crime ao longo da sua vida.
Nenhuma família é perfeita, mas tem algumas que ficam muito mais longe da perfeição do que outras. Que tipo de efeito sua família teve em você, vai depende muito de quem você é, de quem faz parte da sua família, da cultura na qual vocês vivem, das interações que tiveram ao longo da vida e de muitos outros fatores.
Mesmo com as melhores das intenções do mundo, pais cometem erros com os filhos, e isso é algo natural mesmo que indesejável. Já que pais são seres humanos vulneráveis a erros como todos nós. Alguns pais cometem erros graves que prejudicam as vidas dos filhos por muito tempo, mas mesmo esse tipo de impacto pode ser amenizado tanto espontaneamente por alguns quanto com a ajuda de um bom psicólogo.
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