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É comum pessoas ter algum sintoma ou passar por algumas situações e se perguntar se tem algum um transtorno mental, mas o que é o transtorno mental?
Um transtorno mental é um conjunto de sinais e sintomas ligados a grandes dificuldades em regular as próprias emoções, pensar e agir. Essas dificuldades resultam do mau funcionamento, de algum processo psicológico, biológico ou de desenvolvimento que viabiliza o funcionamento de nossas mentes. Vale ressaltar que nenhuma definição de transtorno mental, consegue abarcar todas as particularidades que a pessoa pode viver, em termos de dificuldade ou sofrimento. Apesar disso, essa definição apresentada engloba a maioria das condições mais comuns na população.
Os sintomas de um transtorno mental são alterações percebidas por alguém no seu próprio corpo ou mente. Exemplos disso, incluem tonturas, dor de cabeça, cansaço, irritação, desanimo ou ansiedade. Já sinais são mudanças na estrutura física, ou no funcionamento típico do corpo de alguém que pode ser observada por outra pessoa. Alguns exemplos de sinais são, a temperatura corporal e a pressão arterial.
A principal diferença entre ambas é que sintomas só são observados pelas próprias pessoas, enquanto sinais podem ser notados pelos outros. Os transtornos mentais possuem diferentes combinações de ambos, sendo que muitos deles compartilham de sintomas ou sinais em comum. Uma das grandes dificuldades é que todos os sintomas são inespecíficos. Ou seja, um determinado sintoma que alguém está sentindo não indica de maneira inquestionável a presença de um transtorno mental específico. ou melhor, um mesmo sintoma pode estar presente em vários transtornos diferentes. Exemplo a tristeza, é difícil não pensar na relação que esse sintoma tem com o transtorno depressivo maior, ou melhor a depressão. O problema que a tristeza não é um sintoma exclusivo da depressão. Pessoas exibindo outros transtornos como a distimia, o transtorno bipolar e o transtorno disfórico pré-menstrual, também apresentam esse sintoma. ou seja, nenhum sintoma isolado é suficiente para demonstrar que alguém possui um transtorno.
Se a mera presença de um sintoma ou outro não é tão informativa assim, então o que poderia sugerir que alguém possui um transtorno mental? Um dos indícios mais fortes seja a existência de um sofrimento persistente e debilitante. Uma pessoa que vem se sentindo muito mal por uma grande parte do dia, durante vários dias e que tem dificuldade para realizar suas atividades cotidianas pode estar assim por diferentes motivos, sendo a presença de um transtorno mental um dos possíveis motivos.
Outra razão comum para que alguém sofrer bastante é a morte de uma pessoa querida. O luto, pode deixar alguém. Muito debilitado por uma quantidade de tempo que varia na população. Quando uma pessoa reage de uma forma que já é esperada dentro da sua cultura, por mais que ela esteja sofrendo muito, isso não sugere a presença de um transtorno mental. um aspecto importante a se considerar é como andam as diferentes áreas da vida da pessoa. Além de provocarem sofrimento, os transtornos mentais costumam vir acompanhando de outras experiencia negativa. Elas podem ser conflitos nos relacionamentos, dificuldades escolares, problemas no trabalho ou na vizinhança, por exemplo.
O tipo de consequência negativa depende muito de quem é a pessoa em termos de sua idade, condição econômica, profissão, personalidade, em que cultura essa pessoa está inserida e com quais pessoas ela mais convive. Isso também varia a depender de qual é o transtorno, já que alguns tendem a causar estragos maiores e por mais tempo do que outros. essas consequências negativas não se manifestam necessariamente o tempo todo, todos os dias ou em todas as áreas da vida. Qual é o transtorno da pessoa também faz muita diferença nesse quesito, assim como quais são suas circunstâncias de vida.
Outro fator relevante é se a pessoa faz ou já fez tratamento para lidar com a sua condição. Alguém que teve depressão por um tempo, mas já fez ou faz um tratamento adequado e efetivo, pode passar a maioria dos seus dias sem passar prejuízo ligados a ela. Em algum momento da vida, a maioria das pessoas apresenta uma grande parte dos sintomas e sinais de vários transtornos. Isso não quer dizer que elas realmente tiveram todos esses transtornos, mais sim que tentar se autodiagnosticar envolve alguns problemas. Um deles é que o autodiagnostico é muito vulnerável ao viés de autoconfirmação. Você lê sobre um sintoma, recorda espontaneamente de ocasiões que o apresentou e pode ficar com impressão que tem o transtorno, mesmo que isso não seja verdade. Além disso, ele é feito por quem não possui o conhecimento, as competências, ou a experiencia adequada para fazer esse tipo de coisa. Frequentemente isso resulta em muito superficiais, incompletas e descontextualizada do que está acontecendo com a pessoa.
Testar a hipótese de que alguém se enquadra dentro do diagnostico, exige a condução de uma avaliação psicológica. Ela é um tipo de investigação que envolve uma coleta abrangente de dados para ajudar a responder uma pergunta sobre uma pessoa especifica. A pergunta pode ser por exemplo” fulaninho apresenta agorafobia?” depois que o objetivo da avaliação tiver claro, o profissional pode conduzir entrevistas com a própria pessoa, com parentes, aplicar teste, coletar dados a respeito da história de vida da pessoa e pode usar outras técnicas além dessa para entender o que está acontecendo com ela e quais são suas circunstancias atuais de vida. Com base nas evidencias coletadas, o profissional chegara à conclusão a respeito de qual é a melhor forma de caracterizar aquela pessoa em termos psicológicos e quais são as melhores opções de tratamento mais prováveis de ajuda-las.
Aqui vão algumas dicas para entender melhor o que está acontecendo com você caso esteja suspeitando que possui um ou mais transtorno mental.
1. Avalie o impacto dos sintomas que tem sentido no seu dia a dia. Como você tem se sentindo nos últimos dias? Você tem apresentado alguma dificuldade que está atrapalhando muito sua vida? Aqui vale dificuldade recentes quanto aquelas mais antigas. Analise cuidadosamente as áreas mais importantes da sua vida e anote como as coisas estão indo em cada uma. Como estão seus relacionamentos, o seu trabalho, os seus estudos e os seus momentos de lazer? Existe algo que anda te incomodando muito? Se a resposta for sim, isso poderia ser um indicio ou não, isso caberia a um profissional avaliar isso com mais cuidado.
2. Não se preocupe muito em descobrir por conta própria se você se enquadra em um diagnostico ou não. A verdade é que um diagnóstico é muito mais útil para os profissionais da saúde do que para quem é diagnosticado. Diagnostico de transtornos mentais servem principalmente para ajudar os profissionais da saúde a se comunicarem melhor, a entender mais os seus clientes de uma forma mais organizada e proporem as intervenções mais interessantes para cada caso.
3. Procure pela indicação de um profissional mais competente para ser avaliado(a). O melhor atalho para encontrar um bom profissional é através da sua rede de contatos, então pergunte a pessoas próximas se elas recomendam alguém. Tantos profissionais da psicologia quanto da psiquiatria possuem formação adequada para realizar esse tipo de avalição, então o que importa é você ter um acompanhamento profissional, seja ele conduzido por alguém da psicologia, da psiquiatria, ou melhor, por um de cada área.
Muito mais importante do que saber se você tem ou não um transtorno mental é saber o que anda acontecendo na sua vida, como você tem se sentindo a respeito disso e o que se pode ser feito para melhorar sua situação. Se as coisas não andam bem e sua cabeça, muito menos, é uma boa ideia procurar ajuda profissional. Muitas pessoas não atendem direitinho a todos os critérios de transtorno mental e isso não significa que eles estão bem ou que a ajuda profissional é dispensável nos casos delas que não se enquadram dentro de nenhum diagnostico poderiam se sentir mil vezes melhores se procurassem essa ajuda.
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