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Você já ouviu falar em fibromialgia ou conhece alguém que possui? É uma condição na qual alguém sente dor por várias partes do corpo, mesmo que não haja uma razão clara para que ela estivesse sentindo isso de forma tão intensa e crônica.
O principal sintoma de fibromialgia é sentir uma dor constante em várias partes do corpo e de forma crônica. Outros sintomas são a fadiga, a tontura, a má qualidade de sono, alguns prejuízos cognitivos, a rigidez muscular e articular.
Ela foi descrita pela primeira vez no século XIX e estima-se que, atualmente, ela afeta cerca de 5% da população mundial e 2% dos brasileiros, sendo bem mais comum entre mulheres de 30 a 55 anos. Até hoje, as causas e o desenvolvimento dela ainda não são tão bem conhecidas. Ao que tudo indica, essa é uma síndrome multideterminada, ou seja, que é causada por diversos fatores, como os genes, a história de vida da pessoa e mudanças no ambiente imediato.
Por muito tempo, acreditava-se que a fibromialgia tinha uma origem puramente psicológica. Alguns defendiam que ela surgia a partir da vivencia de alguma experiencia traumática, como sofrer uma violência sexual, por exemplo.
Atualmente a explicação mais aceita é a de que esses eventos não causam por si só a fibromialgia, já que diversos fatores contribuem para o seu surgimento e manutenção. Um deles é conhecido como sensibilização central e ele envolve um aumento na percepção da dor. Na fibromialgia, a dor pode afetar quase o corpo todo, da cabeça aos pés, ou algumas partes mais especificas. O tipo, a localidade e a gravidade da dor variam a depender das outras condições medicas que a pessoa tenha, da sua atividade profissional, de variações de temperatura e do nível de estresse.
Além disso, disfunções cognitivas são comuns nessa condição, como uma menor capacidade de pensar com clareza, dificuldade de concentração, prejuízos na memória e na capacidade de controlar impulsos. Talvez isso ocorra porque algumas das mesmas redes neurais envolvidas nessa capacidade cognitiva, também nos ajudam a perceber a dor.
Ao sentir uma dor tão excessiva, essas redes neurais podem ser recrutadas e ficarem menos disponíveis para processos cognitivos como raciocínio ou memoria, por exemplo. Conviver constantemente com dores por tantas partes do corpo tende a ser muito desgastante para qualquer um. Essas dores costumam trazer muito sofrimento, e prejudicam as diferentes áreas da vida da pessoa. Não é à toa que a fibromialgia é fator de risco para desenvolver transtornos depressivos, de ansiedade, o transtorno bipolar e o do estresse pós traumático.
De todos eles o transtorno depressivo maior é o mais comum para quem possui fibromialgia. Ele costuma ser observado em mais da metade das pessoas que fazem parte desse grupo em algum momento da sua vida. Além dessa forte relação com a depressão, ela também se relaciona com um maior risco de suicídio.
Em um estudo quase metade de um grupo de pacientes com fibromialgia demonstrou ideação suicida, ou seja, exibiu pensamentos relacionados ao suicídio. Isso foi observado de forma especialmente acentuada entre as mulheres do grupo que possuía transtorno do sono. A depender da personalidade de cada indivíduo que possui a fibromialgia, os sintomas podem ser vividos e enfrentados de formas diferentes.
Pessoas mais ansiosas, por exemplo, tendem a lidar de forma pior com os sintomas. Já aqueles que são menos orgulhosos e mais propenso a buscar ajuda quando precisam podem lidar de forma mais efetiva com os sintomas, seja porque conta com a ajuda dos familiares, amigos ou profissionais da saúde no momento mais difícil.
O grande desconhecimento que ainda existe sobre as causas da fibromialgia dificulta o seu tratamento, mas diferentes intervenções podem melhorar a qualidade de vida aqueles que convivem com essa condição. Além do acompanhamento de um médico que pode recomendar medicações adequadas para amenizar os sintomas, é muito recomendável busque o auxílio de um profissional da psicologia.
Dado o grande fardo psicológico que a fibromialgia costuma trazer para a vida de alguém, a ajuda de um psicólogo ou psicóloga logo no começo pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da depressão e de outro transtorno isso, por sua vez, contribuirá muito para que não haja uma piora geral na qualidade de vida da pessoa que já não andava muito bem. A fibromialgia também costuma afetar as relações familiares e conjugais. Como quem vive com essa condição pode ter grandes dificuldades em conduzir suas vidas normalmente, é comum que membros da família precisam estar dispostos a ajudar a pessoa de diferentes formas e que a rotina da casa precise sofrer algumas mudanças. Algo que pode fazer toda a diferença no tratamento da fibromialgia é a família aceitar a autenticidade do diagnostico, conhecer melhor como ele se manifesta, e ajudar a pessoa a procurar um acompanhamento profissional.
Como as dores são muito frequentes, generalizadas e sem uma causa muito clara, alguns familiares podem desconfiar do que o relato da pessoa sobre suas dores é falso ou exagerado o que só tende a piorar mais ainda a situação. Sem o apoio da família, alguém vivendo essa condição pode nem mesmo ser capaz de ter o mínimo acompanhamento profissional necessário e agravar seriamente seu sofrimento e os prejuízos na sua vida como um todo.
Além das intervenções que já foi citado, outras opções frequentemente recomendadas são melhorar a qualidade do sono e praticar exercício físico, já que o sono pode melhorar o humor e alguns exercícios podem diminuir sensibilidade a dor. Entender mais sobre fibromialgia e como ela funciona é essencial para aqueles que a apresentam. Isso pode ajuda-las tanto a se monitorarem melhor, quanto a se sentirem mais motivados para realizar os tratamentos necessários, o que nem sempre é fácil quando se está sentindo tanta dor em tantas partes do corpo e por tanto tempo. Caso você tenha fibromialgia, informe-se mais sobre ela através de boas fontes e busque um tratamento multiprofissional se possível. Se o seu tratamento atual já se iniciou faz um bom tempo, e não anda trazendo bons resultados, talvez seja uma boa ideia testar outras opções ou procurar outro profissional para conduzir o tratamento.
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