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A desobediência e a impulsividade são características marcante da maioria das crianças e adolescentes. Por si só, elas não sugerem nada demais, mas quando atingem níveis mais extremos e são acompanhadas de agressividade, insensibilidade aos sentimentos dos outros e condutas que violam o direito alheio, elas podem ser sinal de algo mais grave. Contestar autoridade de adultos, desobedecer a regras da escola, ou acabar machucando um colega durante uma brincadeira, são exemplos de conduta comum entre crianças e adolescentes. Quando uma criança machuca outra quando tenta recuperar um brinquedo, a principal motivação costuma ser recupera-lo e não machucar a outra criança. Muito mens comum é que a principal motivação seja machucar o outro. Esse tipo de coisa é observado no transtorno da conduta e sua principal característica é exibir de forma persistente comportamentos que violam os direitos básicos da outra pessoa e as normas sociais. Alguns exemplos de conduta exibida nessa condição são atos agressivos dirigidos a pessoas, animais, propriedades, cometer furtos, mentir frequentemente, trapacear e outras manifestações típicas da psicopatia. O mais comum é que pessoas com esse transtorno exibam sinais disso desde da infância ou adolescência. Quando esses indícios são apresentados antes dos 10 anos de idade, é mais provável que que o transtorno persista ao longo da vida. Esse início precoce pode sugerir alguma anormalidade no desenvolvimento neurológico, enquanto que no início da adolescência tende a resultar mais de experiencias que a pessoa viveu com o passar do tempo. Esse diagnóstico é mais comum em jovens do gênero masculino, esses meninos apresentam com maior frequência comportamento como se envolver em brigas ou vandalismo. Já meninas costumam exibir atos como difamar, mentir, faltar as aulas ou fugir de casa. Embora nessa condição os comportamentos problemáticos gerem mais impacto nos outros do que em si mesmo a curto prazo, eles tendem a prejudicar mais a vida da própria pessoa a médio e longo prazo. Cada pessoa com esse transtorno pode ser classificada como um caso leve, moderado ou grave. O que determina isso é a magnitude dos prejuízos causados aos outros. Casos leves envolvem prejuízos menores aos outros ou inexistentes, como mentir ou faltar as aulas. Já os casos graves envolvem agressões físicas, por exemplo. Algumas das consequências mais frequentes desse transtorno são dificuldades de convivência na escola, em casa, ser expulso da escola, ser processado por atos que desrespeitem os direitos dos outros e desenvolver lesões físicas. Como consequência de brigas em que se envolveu. Quem vive essa condição também costuma apresentar mais comportamento de risco desde cedo. Alguns exemplos são iniciar mais precocemente a vida sexual, o tabagismo, o consumo de álcool e outras substancias ilícitas. Além disso, essas pessoas tendem a ser envolver em mais acidentes de maneira geral. Muitos indivíduos com esse transtorno apresentam emoções como culpa de maneira muito mais limitada do que a maioria das pessoas. Como consequência, elas se preocupam muito menos com o sentimento dos outros e com o próprio desempenho escolar ruim, por exemplo. Isso lembra bastante o transtorno da personalidade antissocial, que pode ser visto como uma consequência do transtorno da conduta, já que um dos seus critérios diagnósticos é que o indivíduo tenha mais de 18 anos e apresente os sintomas do transtorno da conduta desde antes dos 15 anos. o pode se associar ao transtorno de oposição desafiante, ou TOD. Tanto ele, quanto o transtorno da conduta envolve crianças ou adolescentes que entram em conflito com figuras de autoridades, como pais e professores. Apesar dessas semelhanças, os comportamentos da pessoa com TOD estão mais ligados a ficar irritado com facilidade e contestar autoridades do que as coisas como cometer agressão, furtos, ou mentir repetidamente, como no transtorno de conduta. Ambos os diagnósticos podem ser constatados na mesma pessoa, caso ela preencha os critérios para os dois. É inclusive comum que algumas crianças apresentem em conjunto o transtorno da conduta, o TOD e o TDAH. Um dos principais fatores que estimula o desenvolvimento do transtorno da conduta é o ambiente no qual a criança vive. Ambiente nos quais a violência é comum e normalizada pode levar a criança reproduzir espontaneamente esses comportamentos em casa ou na escola. O tipo de interação que existe entre a criança e outros membros da família também pode ter uma grande influência. Relacionamento com os pais e outros parentes que envolvam a rejeição, negligências, humilhações constantes ou outros tipos de agressão, estimulam o surgimento desse transtorno. Além disso, o histórico da família envolvendo condições como a esquizofrenia, a depressão, o TDAH, o transtorno por substancias e o próprio transtorno da conduta também é um fator de risco para que alguém na família desenvolva o transtorno da conduta. Por outro lado, algumas pesquisas já identificaram fatores de proteção, ou seja, coisas que diminuem o risco de desenvolver esse transtorno. Alguns estão relacionados ao próprio individuo, como ter uma autoestima positiva e ser melhor em controlar os próprios impulsos, e outros ao ambiente familiar, como ter cuidadores com alto nível de bem-estar. O transtorno da conduta envolve falhas nas capacidades de inibir impulsos, perceber as consequências dos próprios atos e regular as próprias emoções. Esses déficits podem se agravar na presença de práticas educativas poucos eficazes, ou que sejam permissivas a atos de transgressão. de acordo com alguns estudos, pessoas com transtorno de conduta podem apresentar um volume reduzido da amigdala e da insula, as quais são estruturas nos cérebros essenciais para conseguirmos regular nossas emoções e atos. Para entender os papeis dessas estruturas cerebrais, imagine que você está fazendo uma trilha e de repente vê uma cobra passar na sua frente. O medo que você sentira logo em seguida resulta de várias reações do seu corpo desencadeada pela amigdala. Essas reações irão te preparar para uma resposta imediata de luta ou fuga visando preservar a sua integridade. Uma das principais funções da amigdala é dá início a todo esse mecanismo de proteção diante de situações de perigo. O comprometimento dela pode tornar um indivíduo mais indiferente a situações de risco e menos sensíveis a possíveis consequências prejudiciais de seus atos, o que o torna mais impulsivo e agressivo. Já a insula está mais ligada a consciência das emoções dos outros e de si próprios. Alterações nela pode resultar em déficit na empatia, como observamos em crianças e adolescentes com o transtorno de conduta. Quanto mais cedo se inicia o tratamento dessa condição, melhores tende a ser os resultados. Pela própria natureza do transtorno, que pode envolver a agressividade e a tendencia a mentir, é comum que os indivíduos que o apresentem sejam casos mais desafiadores para os profissionais. Ainda assim, a psicoterapia e os medicamentos são algumas das opções de intervenção mais recomendáveis. Outras opções muito importantes é a psicoeducação dos pais ou cuidadores, já que frequentemente eles terão uma dificuldade em entender e lidar da melhor forma possível com os comportamentos da criança o do adolescente. Aprendendo mais sobre como esse transtorno funciona, eles estarão em melhores condições de estabelecer limites para as condutas que estão causando problemas. Além disso, eles conseguirão oferecer um melhor apoio aos seus filhos e reduzir estresse dos membros da família ao modificarem a forma como eles interpretam os atos da criança ou do adolescente. Considerando que o transtorno da conduta é um dos precursores do transtorno da personalidade antissocial, não surpreende que ele seja resistente aos tratamentos convencionais. Apesar disso nem todo individuo com transtorno da conduta desenvolvera o da personalidade antissocial, podendo sim haver uma mudança na sua da adolescência para a fase adulta.
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